Em um bate-papo, prá lá de delicioso, com a queridíssima Izabella Camargo, abordamos assuntos relacionados ao tema: Carreira x Saúde e sobre a importância de mantermos o equilíbrio entre estes dois pilares, essenciais em nossas vidas.

O autocuidado continua sendo tão ou até mais importantes neste período em que estamos em quarentena. Precisamos aprender a nos cuidarmos e nos arrumarmos para nós e não só para os outros.

Bom humor e jogo de cintura ajudam muito neste aspecto, porque imprevistos podem e vão acontecer.

Se você tem consciência de que um imprevisto pode acontecer, você lida com ele de maneira mais natural.

Neste momento estamos todos vivendo a mesma situação, então é importante compreendermos isso e sermos tolerantes.

É preciso olhar para toda esta situação com mais humildade. Os inflexíveis vão sofrer mais. Por este motivo é importante aprendermos a lidar com isso.

O Burnout é um nome novo para um problema antigo.

Charles Chaplin, lá na década de 30 fez, em “Tempos modernos”, uma cena na esteira de uma fábrica, onde dois trabalhadores faziam tudo muito rápido. E no filme, quando Chaplin tem uma crise nervosa, seu colega o chama de “louco”.

A história nos mostra muita coisa. Temos que ter um olhar cirúrgico para entender o que vivemos hoje. Todos nós temos nossas características.

O que está acontecendo agora, neste momento em que vivemos, aumenta o número de casos de Burnout, que nada mais é do que o esgotamento físico e mental, após longos períodos de excesso de trabalho.

Isso não acontece quando é um projeto curto. Mas sim quando temos excesso de trabalho por longos períodos, pois para dar conta de tudo você se ausenta de si mesmo.

Quem nunca viu seus pedidos médicos vencerem?

A gente glamouriza quem não tem tempo, quem não tira férias. Nós deixamos de ter autocuidado, que é aquilo que só você pode fazer por você.

Autocuidado a gente deve colocar na agenda! Se você só colocar o seu trabalho na agenda, você e sua família ficarão de fora.

Ninguém fica doente de um dia para o outro. Os sintomas você sente sempre e vai se automedicando.  Mas não é normal trabalhar cheio de dor!

 

É um conjunto de doenças que vai se acumulando. O corpo vai te avisando e você não ouve. Até que então, ele desliga.

Todo mundo já ouviu alguém dizer: “nunca ninguém morreu de trabalhar”. Temos que atualizar esta crença, pois isso acontece!

No Japão existe um nome para a morte súbita por excesso de trabalho: karoshi.  Lá, desde a década de 80, o Governo paga indenizações para as famílias por causa da morte por excesso de trabalho.

Cada pessoa apresenta de um jeito os sintomas.

O excesso de trabalho vira rotina e não percebemos.

São dois caminhos para o problema: excesso de trabalho e ausência de si mesmo.

Mas tem um outro elemento também: não são as horas corridas, mas o que você faz dentro destas horas.

O fato é que quem ama o que faz se joga, se entrega e é muito competente. São estas pessoas que são valorizadas numa contratação ou promoção.

Estas características fazem você entregar trabalhos cada vez melhores. É a “armadilha da competência”.

Você vai se desenvolvendo, vai crescendo e começa a receber muito mais trabalho do que vai dar conta! Mas você não diz não porque acha que vai ser bom para sua carreira.

É importante dizer que o Burnout não é o fim, é apenas um tempo.

E para interromper este processo, as pessoas vão ter que aprender a dizer não.

Não é fácil. Tem muita gente que não consegue voltar ao trabalho, pois tem que fazer uma escolha: ou tem emprego ou tem saúde.

É preciso avaliar: estou dando muito mais do que recebendo? E aí decidir se procura um novo caminho.

Segundo um estudo da USP, hoje, 20 milhões de brasileiros em São Paulo, vivem o Burnout.

E o maior problema não é adoecer, é o que fazem quando você adoece.

Não vemos o Burnout chegar. Vemos um monte de doenças, mas não juntamos as peças.

Com este número imenso de desempregados que temos hoje, a situação complicada. Pois temos medo de tomar uma decisão. O fato de decidir já acalma, mas adiamos por medo. Não é fácil tomar a decisão, mas é muito pior adoecer por excesso de trabalho.

O nosso modelo de trabalho é assim. E as coisas só vão acelerar.  Tudo vai exigir muito mais de nós. Temos que nos adaptar e para conseguir isso temos que nos cuidar.

Alguns dos sintomas do Burnout são dor de cabeça, dor de estomago, queda de cabelo, machas na pele, intestino desregulado, tremidinha no olho. A diferença está entre sentir isso algumas vezes, ou por anos!

Os médicos têm dificuldade de juntar as peças e chegar em um diagnóstico.

É importante entender quais são seus limites.  Cada um tem um limite e uma reação.

Nós vivemos num mundo digital, mas nosso corpo é analógico. Precisa de descanso. Precisa se alimentar de maneira equilibrada. Com o passar dos anos as pessoas também podem já não conseguir produzir tanto, com poucas horas de sono, como faziam na juventude. É preciso cuidar e valorizar sua agenda de sono, pois senão haverá consequências.

Às vezes chegamos num estado de consciência e não temos condição de mudar.

Temos que aprender que somos um produto e quem decide o futuro deste produto somos nós. Nós somos o que espalhamos e não o juntamos.

Quando acontece a demissão, é difícil, mas ela tem muito aprendizado. Ela vem para nos mostrar muitas coisas.

Algumas delas, a gente só reconhece depois, olhando pelo retrovisor.

Perdemos vínculos e vivemos um luto.

Com maturidade, depois entendemos que estes ciclos precisam ser encerrados e podemos poupar muita energia se entendermos que pessoas e lugares são pra passarmos tempos determinados.

É um choque de realidade você entender que o que você fez prejudicou sua saúde e que não poderá fazer mais.

Damos poder às pessoas. Permitimos e quando chegamos no limite esperamos um milagre.

Nesta crise, mais de 50% das pessoas entrou sem uma reserva financeira e se já estavam vulneráveis, estão mais ainda.

Essa vulnerabilidade acaba sendo a desculpa verdadeira para se entregar desta forma e não buscar uma alternativa.

Autocuidado é o único caminho para sair desta agonia. Mas não adianta só fazer uma coisa. É um conjunto de cuidados. Você precisa cuidar da sua imunidade e dormir bem, pois se dormir bem você pensará melhor. Se estiver pensando melhor, você decidirá melhor.

Para a OMS é prioridade falar sobre cuidado mental durante uma pandemia. As consequências desta que estamos vivendo vão durar 3 anos ainda.

Não podemos achar normais coisas que são anormais. Entenda que pagina você está do seu livro. Qual a minha idade hoje?

Comece fazendo uma lista e anotando quantas horas dormiu, o que você comeu. Equilíbrio e respiração são coisas básicas.

É o caminho para escolher em quais das estatísticas vamos fazer parte e nos preparar para as mudanças que ainda vão acontecer.

O mundo mudou, nossas ideias terão que acompanhar. É preciso fazermos o melhor que pudermos para sofrer menos com tudo isso. Aqui entra o autocuidado.

Este momento de hoje vai contribuir para termos um estado mais seletivo. Assim como a terra se regenera bem sem nós, nós também nos regeneramos quando nos damos uma pausa.

É uma grande oportunidade para isso o que estamos vivendo hoje.

O equilíbrio fica mais distante quando você não se coloca na roda do equilíbrio.

Não significa que teremos dias incríveis todos os dias. Você tem consciência de que tem dias bons e dias ruins. O que não pode é desequilibrar.

Virão outras situações como esta e teremos que estar com a nossa cabeça muito boa.

Temos que nos colocar um primeiro lugar. Questão de sobrevivência. Amor próprio.

O problema é que, na pele, se tenho manchas, eu vejo e vou cuidar. Na cabeça até você perceber, ela foi afetada de forma cruel, e vai demonstrando em outras partes do corpo.

Precisamos de energia para pensar para frente.

Somos muito melhores do que pensamos. Mas ouvimos tanto fora que esquecemos de ouvir dentro.

Analise o que vai te servir aqui e no futuro, e o resto fica no passado!

(Artigo baseado na Live com Izabella Camargo, 04/06/2020)

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